31 maio 2007

Humor negro

Aviso: o texto seguinte contem cenas eventualmente chocantes, passiveis de ferir sensibilidades

A rua onde trabalho, uma das mais importantes arterias da cidade que liga a Catedral de St. Paul’s ao Banco de Inglaterra, deve ter uma qualquer aura negativa a sua volta.
Ha umas semanas atras, houve um homem que, ao sair do metro, morreu de ataque cardiaco.
Hoje de manha, a rua foi cortada ao transito com um grande aparato de policias e de bombeiros. Razao: um homem tinha-se atirado de uma janela e caiu em cima de um autocarro de dois andares, tao tipicos aqui em Londres. Escusado sera dizer que tambem foi desta para melhor.
Quem teve azar no meio desta ultima cena?
1. A senhora que ia no autocarro, que ao ouvir o barulho violento e seco do corpo a embater no tejadilho do bus, teve um ataque cardiaco e teve que ser transportada para o hospital. Se la chegou viva, ou nao, eis a questao.
2. Os restantes passageiros, que certamente tambem apanharam um valente susto, que ainda agora estao a lavar a roupa interior de tanto se terem borrado.
3. O condutor do autocarro, que nao sei como e que vai explicar aos seus superiores o rombo feito no tejadilho: “Ia a passar e caiu-me um tipo vindo do ceu” – Vai la inventar uma historia melhor!!!
4. O condutor do carro que ia logo atras, que ao distrair-se a olhar para uma pessoa a voar e que nao era nem o Super Homem nem o Homem Aranha, embateu no autocarro, ficando o seu veiculo bem amolgadinho.
5. Os restantes automobilistas que seguiam naquela rua, que porque um tipo se decidiu atirar incompetentemente de uma janela, tiveram que ficar retidos ate que os bombeiros resolvessem a situacao.
Quando soube da ocorrencia, alguns pensamentos malignos me passaram pela cabeca.
- Sera que o homem estava com pressa para apanhar o autocarro, que nao podia esperar pelo proximo?
- Talvez nao tivesse dinheiro para pagar o bilhete...
- Talvez numa vida anterior tivesse sido um touro: quando viu o vermelho do autocarro, decidiu marrar!
- Teria acabado de ver o Homem Aranha 3 e achou que tambem era capaz de voar para o edificio seguinte?
- Achou que era o dia das bruxas e decidiu pregar um susto a algumas pessoas?

Naturalmente que nao sei o que lhe tera passado pela cabeca, mas que estragou o dia a muita gente, la isso ele conseguiu!

08 maio 2007

I'm back (for now!)

A pedido de várias famílias, aqui estou eu de novo para vos tentar relatar, se possível mantendo o nível (baixo), as minhas desventuras em Londres.
Como já percebi não ser fácil compatibilizar um blog diário, com a vida movimentada de Londres, passarei apenas a contar dias em que aconteça algo que possa ter alguma piada, ou seja, provavelmente só contarei as minhas noites de bebedeira. Que, diga-se de passagem, são mais ou menos sete por semana!!! Isso é que era bom!

Começo pela última quinta feira, para quando estava marcada uma noite da empresa.
Depois de um dia de trabalho pouco produtivo para todos, aliás já previsível pelas roupas “casual” que fomos autorizados a vestir, à semelhança das sextas feiras, fomos beber o copo de aquecimento para um pub da zona.
Apanhámos uns táxis e dirigimo-nos para um restaurante italiano, para comer umas pizzas e afins, bem boas por sinal. Jorraram cervejas, vinho e Frangelico.
Após o jantar, onde estavam umas 14 pessoas, quase todos se dirigiram para um bar para jogar snooker.
O festival de cerveja, Jack Daniels com Cola e uns shots marados, continuou por mais algumas horas, o que se traduziu nuns jogos de snooker cada vez mais demorados. Até aqui, foi tudo à conta da empresa.
Como a resistência de uns não é igual à de outros, os “uns” foram abandonando o bar(co), já visivelmente enjoados.
Restámos quatro: o Tuga, um Francês, um Germano-Panamiano e um Colombiano, que tinha vindo de bicicleta, comprada havia poucas semanas.
Para onde vamos agora? Para um bar de strip, naturalmente!
Entramos no strip club, chamado “The Axe” (O Machado), já depois do colombiano ter parqueado a bicla, com cadeado.
Não, lamento desapontá-los, mas desta vez não atirei moeda alguma a qualquer dançarina, nem tão pouco fui expulso.
A rábula, porém, era a mesma: as donzelas passavam com uma caneca de cerveja, para nós colocarmos uma Libra, antes da sua performance no varão. A língua dominante das piquenas era o Português de Iparaguaçú, de modo que eu pude brilhar junto dos meus colegas: “Que peito gostoso, sua cabrita!”, “Que bundinha bacana, sua sacana”, foram as frases elevadas que lhes ensinei a dizer.
Perto das 2:30, depois de esvaziarmos as nossas carteiras, saímos do bar e reparámos que a bicicleta havia sido roubada.
Uns 50 metros à frente estavam três putos, um deles montado na bicla. O colombiano e eu, começamos a andar na direcção deles, só que o puto da bicla começa a fugir e, por isso, nós começámos a correr atrás dele. Era uma luta desigual, quanto mais não seja, porque a nossa trajectória já não era muito recta. De qualquer modo, eu não parei de gritar algo edificante como: “I’m gonna get you, sun of a b****! You mother f*****!”, entre outros.
Passadas umas boas centenas de metros, já com os bofes de fora, perdemos o puto de vista.
Voltamos ao ponto de partida e quando lá chegamos, estavam o francês e o alemão a gritar selvaticamente com os dois putos que tinham lá ficado. Nós os dois juntamo-nos à festa.
Os putos deviam ter uns 14, 15 anos. O alemão, que geralmente é um tipo muito calmo e ponderado, agarrava o pescoço de um deles e, qual rottweiler raivoso, exigia que os putos nos levassem a casa do gatuno.
O colombiano, possesso, só dizia: “I’m a fucking Colombian, you’ve stolen the wrong bicycle”.
Eu gritava que era da Máfia italiana e que os mandava matar a eles e às respectivas famílias, se não nos levassem até casa do ladrão. Aproveitei para lhes roubar o maço de cigarros que traziam (o tabaco aqui em Londres é muito caro!)
Nisto, o colombiano simula uma chamada telefónica a ordenar a morte dos putos que, aterrorizados e em choro convulsivo, já diziam que o outro morava a 5 minutos dali.
Entretanto aparece o francês com uma picareta na mão, que descobriu numas obras ali perto, a ameaçar os miudos que os fazia em picadinho. Deve-se ter inspirado no “The Axe”. Aqui os putos não aguentaram e desataram a correr, berrando de choro e pavor.
Nós fomos todos atrás deles, a gritar e de punhos cerrados com gestos muito agressivos.
O francês, a meio da corrida, largou a picareta.
Às tantas, os putos entram por uma porta, que tinha ar de escola, ou coisa parecida, e nós entrámos também de rompante, mantendo os gritos e os gestos agressivos. Quando damos por nós, estávamos dentro de uma esquadra da polícia, cheia de tipos fardados, pelo que tivémos que nos acalmar rapidamente.
Valeu-nos que os polícias já conheciam os putos de outras andanças e que o francês tinha largado a picareta, senão tinha sido bonito.
Nem tivémos coragem de apresentar queixa formal, não fossem os guardas ver as imagens do CCTV, que estão espalhadas por Londres. Quem era preso, ainda éramos nós!!!
No dia seguinte, escusado será dizer que toda a gente chegou muito tarde ao trabalho, tudo ressacado e passámos o dia a rir à gargalhada, a contar a história aos colegas.

09 janeiro 2007

Day 19 – Blue Man Group (07 Dez 2006)

6:45
O Vilela parece estar morto. Não sei se foi da mordaça, se da paulada na cabeça às 4 da manhã, se dos cogumelos venenosos que o obriguei a engolir por volta das 5.
Pelos menos foi assim que eu sonhei, nos poucos momentos em que os roncos sonoros não saíram daquela bocarra.
Com apenas 4 horas mal dormidas, vou para o trabalho meio zombie, meio farrapo humano, com o cansaço acumulado de várias noites bem bebidas e mal dormidas.
Por azar, sou chamado à Chefe que diz que vou passar a manhã em formação com ela.
Peço-lhe para me trazer dois palitos, para eu conseguir manter os olhos abertos.
Devia ter-lhe pedido para me trazer um terceiro palito, para me espetar no cérebro, a ver se eu espevitava.
Como tal não aconteceu, a formação começou apenas com meio cérebro na sala, o meu, porque o da Chefe é completamente oco.
Ela deve ter achado que eu, cavalheirescamente (esta foi difícil de escrever), me estava a tentar por ao nível dela, porque eu não era capaz de responder às perguntas mais simples que me ia fazendo. Estava algo lento, burro mesmo.
O dia custou muito a passar, mas para o fim de tarde estava reservado um programa à maneira.
Eu e o Vilela, a conselho da Margarida, havíamos comprado bilhetes para um espectáculo chamado “Blue Man Group”, mas sobre o qual ela apenas nos tinha dito que iríamos gostar imenso e para não chegarmos atrasados.
O ponto de encontro era na estação de metro de Covent Garden, que para quem chega de metro, tem a particularidade de se ter que apanhar um elevador para se subir à superfície.
Juntamente com várias dezenas de pessoas, entro para o elevador e quando já estamos todos bem apertadinhos e a esfregarmo-nos uns nos outros, as portas fecham-se. O elevador começa a subir e ouve-se uma voz vinda do intercomunicador a dizer: “Bem vindos à estação de Covent Garden”. Ouviram-se uns sorrisos tímidos, ao que se seguiu a brilhante frase: “Por favor, preparem os bilhetes para os apresentarem à saída”. Risada geral. Se eu nem um pum conseguia dar, quanto mais mexer um braço!
Quando avisto o Vilela, decido pregar-lhe uma partida e, de surpresa, roubo-lhe o instrumento de trabalho mais precioso, o telemóvel, pelo que ele apanhou um grande cagaço.
Para acalmar e para nos inspirarmos para o espectáculo que se seguia, depois de largarmos os casacos no teatro, fomos beber uma pint.
O “Blue Man Group” foi um show e peras. Um misto de concerto de rock, com batuques feitos em canalizações e outros instrumentos retirados da vida quotidiana, comédia, teatro, dança, luz, cor, muita interactividade com o público, humor em doses industriais, tudo feito com muita imaginação.
Como sempre acontece em qualquer espectáculo, houve um casalinho que chegou atrasado. O espectáculo parou, os artistas pegaram num foco de luz e apontaram para eles, ao mesmo tempo que iam cantando: “You are late, you are late, you are late...”. Gargalhada geral.
Foi de facto muito bom, valeu imenso a pena. Aconselho vivamente a quem pensar vir aqui a Londres.Saímos do teatro muito bem dispostos, ainda a tempo de irmos beber umas pints ao Prince Albert, para acabar a noite em beleza.

08 janeiro 2007

Day 18 – A sobrinha do Edu (06 Dez 2006)

6:45
Vilela, já não suporto mais. Estou a dar em louco. Vou mesmo ter que o amordaçar.
Depois de mais uma jornada em que foi difícil não adormecer no trabalho, vou ter com eles a casa para depois arrancármos para um pub qualquer, onde esteja a dar o Manchester-Benfica.
Percorremos os pubs todos de Notting Hill e nada. Está tudo a transmitir o Porto-Arsenal, que logicamente, sendo uma equipa londrina, tem muito mais interesse para as pessoas daqui.
Já nervoso e chateado por estar a perder o meu Benfica, digo que temos que ir para o centro de Londres, para ver o jogo num pub por onde eles tinham passado hoje e onde viram o jogo anunciado.
O problema é que eles já não se lembravam muito bem da localização exacta.
Quuando chegamos à zona, recebemos a notícia que o Benfica tinha marcado, pelo que eu e o Miguel fazemos uma festa enorme no meio da rua. Andamos um bocado às voltas à procura do dito pub, mas a demanda está difícil. Entretanto, o Vilela solta um grito a dizer que o jogo estava a passar num bar ali em frente. Respondemos que naquele bar não dava muito jeito. Porquê, perguntou o Vilela. Porque era um bar de strip! Daaahhhh!
Cá de fora do bar de strip, ainda conseguimos ver o golo do empate do Manchester, no último segundo da primeira parte.
Por fim, descobrimos o pub e entramos, sendo olhados com algum desdém pelos demais, talvez por eu levar um cahecol do Benfica ao pescoço, mas tudo na maior.
Durante a segunda parte ainda troquei alguns comentários com os adeptos do Manchester, mas como o jogo lhes correu bem melhor do que a nós, eles já nem se importavam com o meu cahecol.
3-1 para o Manchester. Benfica eliminado da Liga dos Campeões. Parece-me um bom motivo para beber mais umas pints.
O nosso amigo Eduardo havia nos dito que tinha cá uma sobrinha a estudar, a Maria, para nós lhe ligar-mos para combinar qualquer coisa. Convidámo-la a juntar-se a nós no pub onde estávamos e ela assim o fez. Quando chegou, já vinha bastante acelerada, bebemos mais umas rodadas e depois ela sugeriu irmos todos a uma festa duns amigos, que havia num bar ali perto.
Fizémo-nos à marcha e a Maria, já com o grãozinho na asa, deu-lhe para começar a ladrar para as pessoas que iam passando por ela. Achámos um bocadinho estranho, mas não deixámos de dar umas valentes gargalhadas a cada ladridela dela.
Chegados ao bar, ela apresenta-nos aos amigos e amigas dela. Duas das amigas eram da Europa de Leste e tinham um ar algo suspeito, pelo que eu, já bêbado, pergunto a um dos rapazes se elas eram putas. Ele, com ar indignado, responde: “Não. São minhas amigas!”. Glup! Gaffe! Há por aí algum buraquinho onde me possa esconder?
Depois deste incidente internacional, a Maria ainda nos levou à porta doutro bar, mas como tinha que se pagar à porta e já era tarde, decidimos ir para casa.Chegamos perto das três da manhã. Bonito! Só vou dormir 4 horitas. Já não tenho idade para estas andanças.

Day 17 – Vamos à bola (5 Dez 2006)

6:45
Maldito Vilela, assim não dá! Vou ter que lhe por uma mordaça na boca.
Sinto-me todo roto e a semana ainda mal começou.
O dia de trabalho mais uma vez passa lenta e custosamente.
Hoje é dia de Chelsea-Levski de Sófia, para a Liga dos Campeões, jogo para o qual havíamos comprado 5 bilhetes, a contar com a Margarida, que ontem tinha telefonado a dizer que afinal não iria poder ir.
Oh Diabo, vamos ter que arranjar um substituto, ou ficamos agarrados a um bilhete de £45 (67,50€).
Telefono ao Pedro S. Pinto, que se disponibiliza a vir connosco ver a bola.
Encontramo-nos todos no Prince Albert, bebemos uma pint e seguimos para o estádio.
As coisas estão bem organizadas e rapidamente descobrimos a nossa entrada e os nossos lugares, que são dois num sítio e os outros três a uns dez metros de distância.
A atmosfera está ao rubro, ouvem-se cânticos de apoio, aplausos, vêem-se bandeiras e cachecóis no ar.
O jogo começa e a adrenalina já está a bombar. O público vibra.
Recebo uma chamada do Miguel a perguntar se eu sabia da Tareca. Não, respondi. Ela estava perdida e nenhum de nós sabia onde ela estava. Ligávamos para o telemóvel e não obtinhamos resposta.
Saio da bancada e vou para os corredores para ver se a vejo: nada!
Começo a ficar preocupado e pergunto ao Steward se já tinha havido algum caso de rapto dentro do estádio. Ele diz-me que não e pede-me a descrição da minha amiga.
O Miguel liga-me novamente e diz que afinal ela está no estádio, mas sentada no local errado, para eu ir lá ajudar a encontrá-la.
Lá a descubro, com um ar de quem estava à rasca e vou buscá-la para o lugar certo.
Durante a primeira parte, o Chelsea marca o primeiro golo. É a explosão total. Mais cânticos.
Intervalo: o jogo não está a ser muito entusiasmante, o Chelsea já tem a qualificação garantida, não precisa muito de por o pé no acelerador, basta-lhe gerir o esforço.
Segunda parte, já perto do final da partida, o Chelsea marca o segundo, nova explosão de alegria e mais uns cânticos.
Final do jogo, o público aplaude e vai saindo do estádio de forma ordeira e organizada.
Como saímos um minuto antes do apito final, a Tareca não gostou e fez beicinho, que se prolongou ainda por algum tempo. Esquece lá isso Tareca!
A Margarida, que mora ali perto, convidou-nos para ir beber um copo com ela, pelo que nos metemos a caminho, primeiro de metro e depois a pé, mas o perto afinal não era assim tanto. Já depois de andármos bastante, apanhamos um táxi até ao restaurante/bar chamado “Tuga”, cujo dono é Tuga. Que coincidência fantástica.
Como estávamos todos cansados, acabámos por ir para casa mais ou menos cedo, comparando com as noites anteriores.

Day 16 – “CA GRANDAS MAMAS!!!!!!” (4 Dez 2006)

6:45
Toca a levantar. Nem posso acreditar que já é Segunda Feira, dia de trabalho.
Algo me diz que a semana vai ser complicada. Sinto-me cansado. Porque será? Certamente que o ressonar do Vilela não ajudou.
O trabalho nunca mais chega ao fim e eu só quero é ir-me embora.
Quando finalmente recebo a minha ordem de soltura, vou ter com o pessoal a um pub em Soho, no centro de Londres.
Eles passaram o dia nas compras e já estavam animaditos, quando eu lá chego, estafado do fim de semana e do dia de trabalho. Só animo, quando me contam a história da empregada de uma loja, que tinha uns belos atributos e eles, os homens, comentaram em voz alta e com os olhos a saírem das órbitas: “CA GRANDAS MAMAS!!!!!!”. Passados uns minutos, a empregada vem ter com eles e pergunta-lhes: “Vocês são Portugueses? Eu também”. Aqui mudaram de cor.
No regresso a casa e quando chegamos à estação de metro de Notting Hill, concluímos que estávamos com fome. Sugeri irmos ao McDonald’s comer um hamburger com bacon, que custa apenas 99 pence, ao que todos concordaram. Acabámos por entrar no Burger King, pois este ficava mais perto. A Tareca, distraída com a conversa com o Vilela, não se deu conta que não estávamos no McDonald’s e quando eu digo para sairmos dali porque não tinham os hamburguers de 99p, ela vai ter com o empregado, monhé de nascença, e pergunta-lhe porquê que aquele Mcdonald’s não tinha os referidos hamburgers e onde ficava o Burger King mais próximo. Resultado: o empregado estava branco de preplexidade, sem conseguir emitir qualquer som e nós, cá atrás, agarrados à barriga de tanto rir com a gaffe cometida.
Como a cerveja tem o dom de arrebitar os ânimos (deve ser da cevada…), tinha conseguido esse efeito em mim, pelo que depois do jantar ainda fomos ao Prince Albert fazer mais um bocadinho de halterocopismo.
Eram perto das duas quando nos fomos deitar. Já sou vou dormir 5 horitas. Se o Vilela deixar, digo eu!

Day 15 – Dia de passeios (03 Dez 2006)

Acordámos a meio da manhã e fomos fazer compras para a casa.
A noite não foi muito bem dormida, pois dormi com o Vilela na minha cama que ressona que nem um porco. Vilela, desculpa lá, mas agora passou a ser público. Além disso, ele mexe-se imenso durante o sono. Devia estar a querer festas ou carinho.
Comemos qualquer coisa para servir de almoço, tomámos um shot de rum para animar as hostes e aquecer a alma e saímos com o destino delineado: fomos visitar a Tate Modern.
Esta é uma galeria de arte instalada numa antiga fábrica, cujo edifício se distingue por uma chaminé bastante alta, que alberga obras dos principais pintores e escultores do século XX, desde Picasso a Roy Liechtenstein, passando por Salvador Dali até Andy Warhol.
Para vos dizer a verdade, não achei nada de especial. Houve meia dúzia de coisas de que realmente gostei, mas a maior parte, sobretudo dos artistas mais recentes, deu-me a sensação que qualquer criancinha de 5 anos conseguia fazer igual ou melhor. Gosto claramente mais de pintura clássica.
Depois da exposição, atravessámos o rio e fomos visitar a Catedral de St. Paul, igreja sem dúvida imponente e bonita.
Dirigimo-nos para a zona de Covent Garden e como achámos que a garganta já estava seca há muito tempo, fomos experimentar um vinho quente que serviam num quiosque, a £3 cada copito tipo shot.
Mas lá que souberam bem, lá isso é verdade.
Como a Tareca e o Miguel foram ter com uma prima da Tareca para ir ver a casa dela, o Vilela e eu achámos que devíamos continuar a experimentar as iguarias da zona, por isso fomos para um pub beber cerveja, que é o melhor pitéu que aqui servem.
O pub chama-se “Serpent” e em pouco tempo já tínhamos uma pint na mão e conversa feita com o gerente do pub, tuga, como é óbvio.
Quando a pint acabou, fomos encher o copo para outro pub de Covent Garden, este já um sítio maior e bem composto. Arranjamos uma mesa para nos sentarmos e convidamos duas moçoilas a sentarem-se connosco, ao que nos respondem que iam só acabar uma conversa que estavam a ter e já se juntavam a nós.
O Vilela e eu entrámos imediatamente em apreciações dos atributos físicos das meninas e em cogitações sobre qual das duas recaía a nossa preferência, para o caso de virmos a ter sorte nessa noite.
Querem saber o que aconteceu? Não tivémos sorte! Damn! Passado um bocado, uma delas veio ter connosco a pedir desculpa, mas afinal tinham que se ir embora. Pelo menos foi educada, a rapariga.
Depois de algumas jolas e muita gargalhada, fomos ter com a Tareca e o Miguel, a prima da Tareca e o marido, a Isabelinha e o Diogo, que nos levaram a jantar a um restaurante tailandês duma cadeia de restaurantes que muito sucesso tem por aqui em Londres. O nome do restaurante não revelo, não por poder estar a fazer publicidade indevidamente, mas sim porque simplesmente não me recordo dele.
Os pratos estavam todos óptimos, assim como as cervejas tailandesas que fomos emborcando a acompanhar o jantar.
Depois do jantar ainda fomos beber mais umas pints para o Prince Albert, um pub de Notting Hill.
Ainda ficámos por lá um bom bocado, até que nos viémos embora já meio aos ésses, em direcção a casa, pois amanhã havia quem tivesse que trabalhar.

Day 14 – A recepção aos amigos (02 Dez 2006)

Acordo com o despertador ao meio dia, de ressaca, e começo a arrumar a casa para que os amigos sejam bem recebidos e, depois, enquanto espero pela chegada deles, ponho-me a escrever o rascunho do que faltava actualizar no blog.
São 14:15. O telefone toca: são eles a dizerem que já estão em Notting Hill, para eu lhes explicar como é que vêm ter aqui à rua. Está bem abelha! Ainda não conheço isto suficientemente bem para dar direcções do que quer que seja. Só sei o autocarro que tenho que apanhar para ir ter à estação de metro e pouco mais.
O problema resolveu-se com o GPS do carro do Óscar, amigo do Vilela, que gentilmente se ofereceu para os ir buscar ao aeroporto. Num instante, estavam todos à porta de casa: eu, a Tareca, o Miguel, o Vilela, o Óscar e a Margarida, que por coincidência chegou exactamente no mesmo momento.
Os cumprimentos foram calorosos, pois já não nos víamos há duas semanas, demasiado tempo, portanto.
Depois de largadas as bagagens, a Margarida fez de cicerone e foi nos mostrar a zona do mercado de Portobello Road e levou-nos a um restaurante simpático para almoçarmos qualquer coisita.
Após o almoço, ainda passeámos um bocado pela área, vimos a livraria do filme “Notting Hill” e finalmente dirigimo-nos ao que realmente interessa: o Pub.
Aí chegados as Pints foram-se sucedendo em catadupa e a animação aumentando proporcionalmente.
Quando já estávamos muito acelerados e quentinhos, fomos jantar uns hamburguers, mas aí a malta começou a perder a pedalada e a coisa começou a acalmar. Estes meus amigos ainda não se habituaram ao ritmo de Londres, coitaditos. Ainda tentámos ir a um bar que a Margarida nos indicou, mas depois de andarmos uns bons quilómetros e darmos finalmente com o bar, neste só entrava quem estivesse na guestlist, conceito muito em voga aqui na cidade, em vigor nos principais bares e clubes londrinos.
Após este revés, andámos para trás os bons quilómetros, tentando voltar ao pub onde tinhamos estado antes, mas este já se encontrava fechado.
O que fazemos? Vamos para casa que já se faz tarde e amanhã é outro dia.

Day 13 – Jogos com bolas ou a coincidência de ser o dia 13 (01 Dez 2006)

Até parece mal, mas após ter escrito sobre escravatura branca, esta sexta feira foi a excepção que se irá repetir por outras sextas feiras: o dia de trabalho acabou às 17:00h. A chefe e mais algumas meninas da empresa trouxeram umas bebiditas para a nossa sala de convívio, que para além de uma mesa de snooker daquelas que tem bolas minúsculas e buracos enormes, tornando o jogo complicado, tem aparelhagem, frigorífico e uma mesa enorme, onde normalmente almoçamos as nossas “sandes”.
As bebiditas eram uma garrafa de Jack Daniels, whiskey de reconhecida qualidade, Coca-Cola, para atenuar a qualidade do Jack D., vinho branco inglês de renome internacional e vinho rosé, tão apreciado entre os portugueses.
Devo desde já avisar quem eventualmente esteja a ler estas linhas, que o dia de hoje foi longo e por isso estas linhas também se prolongarão por muito mais do que tem sido costume. Porém, acho que vai valer a pena lê-las.
Comecei a jogar snooker com a French Connection, um lobby forte na minha empresa, até que a Boss decidiu juntar-se ao jogo.
A primeira tacada dela revelou uma certa falta de técnica, pelo que eu, armado em expert de snooker, me apressei a dar-lhe umas dicas de como pegar correctamente no taco. E nem sequer fiz a cena clássica à filme de me por por trás dela a pegar no taco em conjunto. Erro brutal, pois ela não aceitou muito bem estar a ter lições dum novato na empresa.
O erro revelou-se mais ridículo, quando eu, logo na tacada seguinte, com uma bola em que era só fechar os olhos para a colocar no buraco, tentei não só colocar a bola no buraco, mas também deixar a bola branca bem colocada para a jogada seguinte. Resultado: nem na bola que estava fácil acertei, pelo que foi a risada geral.
Pouco depois redimi-me, pois os nossos advesários já estavam a jogar à bola preta, que estava à porta do buraco, e nós ainda tinhamos uma bola para colocar em posição muito complicada. Ou seja, eu não podia falhar, ou perdiamos o jogo. A única hipótese era ir à tabela mais afastada para tentar por a bola que nos restava, mas era era uma jogada arrojada e arriscada. A coisa correu-me bem e a bola entrou. A minha surpresa deu-se com a reacção imediata de vários aplausos vindos da facção feminina da empresa, que eu não havia reparado que estavam a prestar atenção. Naturalmente que me encheu o ego e certamente fez subir a minha cotação, quanto mais não seja no que toca a jogos com bolas...
Por falar em jogos de bolas, havia para ver o Sporting-Benfica, pelo que me desloquei ao Galeão para ver o jogo. Atrasei-me um bocadinho nos transportes e quando lá chego, o Benfica já está a ganhar por 0-1. Que chatice! Perdi o primeiro golo.
O Galeão estava bem composto e tudo trajado a rigor com cachecóis dos respectivos clubes. As habituais bocas e picanços iam sendo trocadas pelos presentes, mas sempre num ambiente de boa disposição e, claro, na companhia de Super Bock’s e Sagres consoante o gosto.
Segundo golo do Benfica e explosão na sala. Tomem lá Lagartos! Esta já não nos escapa.
Depois do jogo ainda fico um bocado por lá a beber umas jolas fresquinhas, que já começavam a entrar que nem água...
Quando já estava alegrezito, perguntei se havia ali perto algum sítio onde se ir. Falaram-me no Red Jack, bar/disco da zona. Decido ir lá dar só um tirinho, pois amanhã chegam os meus amigos e eu quero estar em boas condições para os receber. Chego à porta do bar, que àquela hora, perto da meia noite, ainda parece estar com pouco movimento e o porteiro pergunta-me se eu estou bem, ao que eu respondo que sim, estou bem. Sequência lógica desta troca de palavras: o porteiro não me deixa entrar, pelo que eu, preplexo, pergunto-lhe o porquê, ele diz-me que não tem que me dar satisfações e eu fico-me por ali uns minutos a melgar o gorila. Será que eu já estava com um grãozinho na asa e não dei por isso?
Após este precalço, que não estava nas minhas previsões, escolhi um outro bar ali perto, que não tinha porteiro à entrada, não fosse o Diabo tecê-las e eu ficar à porta outra vez. O bar tinha mesa de snooker e eu desafiei o primeiro tipo que passou por mim para um joguinho.
Quando começamos o jogo, entendo finalmente porquê que o porteiro do Red Jack não me havia deixado entrar: não estava com um grãozinho na asa mas sim com uma batata do Entroncamento, pois já não acertava uma bola e já as via a triplicar.
Perco o primeiro jogo, peço a desforra e claro que também a perco. Não satisfeito, insisto.......... em perder, não só os jogos como também 1£ por partida, mais a Pint que pago ao meu adversário para o convencer a continuar a ganhar-me facilmente. No quarto jogo juntam-se uns amigos dele e jogamos a pares. Naturalmente que o par onde eu estava perdeu. Aqui tomei juízo e parámos de jogar. Fomos para uma mesa beber uns copos. Eles eram dois casais de australianos e neo-zelandeses, a quem a meio da conversa lhes conto a minha história do Red Jack, ao que me dizem que a seguir eles iam para lá e que me punham lá dentro sem problemas.
Quando chegamos à porta, eles entram na boa e eu sou novamente barrado e os outros cagaram em mim. Fico outra vez a melgar o porteiro que se mantém impassível a ouvir a minha voz arrastada a emitir uns grunhidos, enquanto alguns gajos mais bêbados do que eu vão entrando sem problemas.
Entretanto, assisto a uma cena de porrada entre uns seguranças e uns clientes que são expulsos com alguma violência e sangue à mistura. Estes chamam a polícia e eu, lixado com o porteiro, ofereço-me como testemunha. Às tantas, quando os polícias estavam a tentar dissuadir os agredidos de apresentar queixa, eu digo que eles tinham a obrigação de investigar. Nisto, uma polícia sentiu-se ofendida e, em tom muito agressivo, disse que eu não tinha nada que lhes estar a dizer como eles deviam fazer o trabalho deles, e ou eu me ia embora imediatamente, ou era a mim que me prendiam.
Meti o rabinho entre as pernas e afastei-me dali até à paragem do bus, para ir para casa. Eram 1:30 da manhã e assim vou estar em boas condições para receber os amigos, pensei eu.
No autocarro, peço a 3 espanhóis para me dizerem onde eu tinha que parar para ir para Notting Hill.
Conversa puxa conversa e os tipos às tantas desafiam-me a ir com eles a uma festa que havia no centro, e eu, como sou difícil de convencer, acabei por ir, contrariado, claro.
Saímos em Oxford Circus e no meio do turbilhão de gente que circulava pelas ruas, eu e um dos espanhóis, acabámos por nos perder dos outros dois.
A festa era no bar The End, que fazia jus ao nome pois era mesmo o Fim.............. da picada!
O espanhol com quem eu fiquei era completamente doido varrido e a técnica de engate dele era puxar os cabelos às gajas, ou por-se a dançar com movimentos sexuais mesmo colado a elas. Era o verdadeiro afugenta “gado”!
Decidi afastar-me dele e a primeira coisa que vejo é uma gaja bêbada aos beijos a um poste do bar.
Perguntei-lhe se ela precisava de ajuda e ela balbuciou umas palavras perfeitamente imperceptíveis. Entretanto chega uma amiga dela, uma anglo-brasileira giríssima, brasa mesmo, e ambos pegamos na namorada do poste e levamo-la à casa de banho e pomo-la debaixo da torneira.
Ela lá melhorou e fomos os três dançar para o meio da pista. A bêbada começa a agarrar-se a mim e a dar-me beijinhos na cara e eu a descolar. Deve ter-me confundido com o poste, certamente.
A amiga vem-me perguntar se eu gostava da bêbada, ao que eu respondo que gostava era dela. Ela, num português um bocado mal amanhado, sai-se com este mimo: “Infelizmente(!), estou aqui com meu namorado, senão...”
Perto das 6:30 decido ir embora, mas primeiro tenho que encontrar o espanhol, pois o casaco dele estava no meu cabide. Após algum esforço lá o descubro a apoquentar tudo o que era rabo de saias.
Apanho o metro, que já tinha começado a circular e chego a casa às 7 da manhã podre de bêbado. E eu que queria estar em boas condições para receber as minhas visitas...

21 dezembro 2006

Day 28 - Prolongamento

Quando os meus sentidos começaram a despertar com uma voz grossa de preto, do Mark, o meu room mate, a dizer que tinha que me levantar porque já eram onze da manhã, a minha mente entorpecida, ou o que restava dela, nem queria acreditar. A questão era que o check out do hotel já passara há meia hora atrás.
Arranjei algumas forças para me levantar e tomar um duche de água fria. Quando desci, 20 minutos depois, reparei que o átrio do hotel estava vazio, só restavam três dos chefes. Disseram que eu era o último, que tinha estado tudo à espera, que não podia ser, etc, etc, etc.
Fomos almoçar à vila, onde eu experimentei os meus primeiros Egg’s Bennedict, vulgo omelete com tosta, mas deu para retemperar umas forças.
Entrámos para o autocarro e a maior parte do pessoal tentou dormir, pois estava tudo KO.
A menor parte do pessoal agarrou-se ao resto das bebidas que tinham sobrado do dia anterior.
Adivinhem lá em que parte é que eu fiquei...
Chegados a Londres e feitas as despedidas, um bocado secas para um qualquer Latino, tipo “então até 2ª”, sem qualquer tipo de contacto físico, leia-se apertos de mão ou beijinhos, restaram três: um sueco, um inglês e um português. Já parece aquelas anedotas...
O que é que vamos fazer? Talvez continuar a beber!
Procurámos por um Pub ali perto do escritório, mas ou estava tudo fechado ou vazio. No primeiro que tinha movimento à porta foi onde decidimos entrar.
E tinha movimento porquê? Porque era um bar de strip, pois claro. Mas nós não nos importámos muito!
O esquema funcionava assim: a menina que ia fazer o show seguinte, passava de um lado para o outro em trajes mínimos, com uma caneca vazia na mão, onde cada cliente tinha que por uma Libra para assistir ao show dela.
A um dado momento e já com muitas Pints em cima e quase nehuma moeda no bolso, passa uma menina com a caneca, a quem eu entreguei os meus últimos tostões (em inglês, pénis). A menina sentiu-se muito ofendida e pegou em cinco pénis e deitou-os na cerveja que eu estava a beber, ainda ia a meio.
Espera lá sua puta que já me pagas!
Quando ela estava a actuar, olhei para um lado e outro, mas como já não via nada mesmo, decidi vingar-me: fui ao fundo do copo buscar a moedinha, fiz pontaria, atirei a moeda e zás, acertei-lhe em cheio no porta moedas que ela tinha no meio dos peitos bem dotados.
Resultado: passado uns minutos estava a ser expulso dum bar de strip, por um preto de três por três, metros, claro. Mas tudo muito civilizado, acompanharam-me à porta sem me tocarem e com o pormenor curioso de irem os dois seguranças a taparem o nariz. Devia ser de eu estar todo borradinho!
Cá fora, a uma distância segura, eu os outros dois não pudémos deixar escapar uma violenta gargalhada.
O resto da noite foram as palhaçadas habituais, que só terminaram outra vez às 6:00h, quando, em avançado estado de decomposição, me obrigaram a entrar para o táxi.

20 dezembro 2006

Day 27 – O Jantar de Natal

Hoje o dia de trabalho começou de modo algo diferente: o pessoal foi chegando vestindo “casual” (em inglês), levando sacolas às costas e transportando uma boa disposição pouco habitual. Respirava-se um certo ambiente festivo.
Para perto do meio dia, estava agendada uma reunião de “brainstorming”, onde o objectivo era cada um dizer de sua justiça, dizer aquilo que achava dever ser melhorado na empresa. Como é costume neste tipo de coisas, há sempre aqueles que ficam calados que nem ratos, e os outros que têm a mania que falam por eles e pelos ratos. Eu, estupidamente, incluí-me no segundo grupo. Quando dei por mim, já lançado, a ser dos que mais coisas dizia, lembrei-me que eu era apenas o mais recente ali na empresa. Toca mas é de ficar caladinho.................que nem um rato!
Por volta das 3 das tarde, entrámos no autocarro e para aí 30 segundos depois, o bar estava aberto! Cerveja, vinho, whiskey, vodka, rum, coca-cola e sumos, não faltava nada, de modo que à medida que os quilómetros iam passando, a animação ía aumentando e o equilíbrio dentro da camionete diminuindo.
Três horas depois, chegámos a Eastbourne, uma vila situada a uns 15 Km de Brighton, junto à praia e eu pensei que tinhamos chegado ao lar da 3ª idade de Inglaterra. Era só gente velha. Entrámos no hotel e o panorama mantinha-se. A média de idades situava-se nos 70 anos e era porque nós a tinhamos feito baixar drasticamente. A noite prometia...
Chegados ao restaurante, que haveria de ser também o bar e a disco, fomos brindados com a primeira surpresa da noite: a Boss e as meninas administrativas aparecem todas vestidas de Mãe Natal. Deu um toque engraçado ao ambiente.
A seguir ao jantar, e passo já para esta fase porque nem me lembro o que é que foi servido, pois para mim já pareciam 3 das manhã, foram entregues alguns prémios e foram trocados os presentes que cada um havia comprado com o valor máximo de £5.
O presente mais engraçado e mais feito à medida da noite, foi o que me coube em sorte: uma pega em forma de luva, que viria mais tarde a tornar-se a vedeta da noite, pois estive com ela posta até ao fim sempre a fazer palhaçadas à Tiago.
A dança durou até às 6 da manhã, quando os tipos do bar decidiram que já era altura de retirar da pista o único marmelo que por lá se arrastava, que, por acaso, tinha uma luva na mão...
Lá entrei para um táxi com mais uns colegas, e não querendo fazer a rábula do panasca com o taxista, inventei outra rábula que os pôs todos a rir às gargalhadas.
Quando chegamos ao hotel, comigo já mais para lá do que para cá, lembro-me que o Mark, o tipo com quem eu partilhava o quarto e que ficou com as chaves, só ía chegar no próximo táxi. Pedi ao recepcionista que me viesse abrir a porta do quarto, ao que ele anuíu.
Entrámos todos no elevador e o recepcionista pergunta-me qual o número do meu quarto, ao que eu respondo, 619. Ele contrapõe com o pormenor de que o hotel só tinha 3 andares, pelo que eu digo 519 ou 419. Foi a risota geral.
Por estas e por outras que foram acontecendo ao longo da maratona de copos de 15 horas, até aqui em Londres já sou o palhacito da corte.

15 dezembro 2006

Day 26 - Banalidades

Depois do trabalho e por coincidência, encontrei uns quantos colegas meus à conversa junto à entrada para o metro. Ás meninas apetecia-lhes um café e uns bolinhos. Aos meninos apetecia-lhes umas Pints. Como sempre acontece desde os primórdios da Humanidade, ganharam as meninas e fomos então para uma Boulangerie francesa, onde se pediram uns capuccinozitos, uns cházitos, e uns bolitos. Que querido!
Depois ainda ficámos um bocado à conversa na estação de metro e o assunto manteve-se o mesmo desde o “Salão das Tias” (certamente era este o nome da boulangerie): a insatisfação geral face ao regime de escravatura de que somos vítimas.
Por fim, vim para casa, que se encontrava impecavelmente limpa e com a roupa toda passada a ferro.
Comecei a preparar o meu saco para o dia seguinte, pois vamos ter o jantar de Natal da empresa no sul de Inglaterra, perto de Brighton e passamos lá a noite num hotel.
Consta que estes jantares de Natal da empresa são sempre memoráveis. Vou esperar para ver e para depois contar.
Tirei finalmente o saco de plástico da mão, limpei-a da vaselina e a coisa está um bocado pró feia (leia-se nogenta). Dez bolhas enormes, mas com ar de que dentro de poucos dias já desapareceram.
Curioso: não sinto dores, pelo que já consigo escrever no computador a duas mãos e aproveito para por em dia os Day 25 & 26.
Estavam à espera de mais uma Desventura de um Tugas em Londres? Também não pode ser todos os dias, caramba!

Day 25 – Saga da Polícia 6 & 7

Acordo. Sinto algo estranho. Uma sensação plástica. A minha mão dentro de um saco de plástico???
Tiago, ainda deves estar a sonhar! Volta a dormir. OK.
Acordo novamente, mas a sensação plástica mantém-se, afinal não era sonho e ainda por cima dói!
Quem te mandou andares a por a mão onde não devias? És mesmo Tiago!
Vou ter que ir novamente ao hospital. Telefono a uma colega minha a pedir os números de telemóvel dos meus dois chefes, a quem, por cláusula contratual, tenho que avisar caso vá chegar atrasado. Ela só tem um dos números, de modo que lhe peço para avisar a Boss.
Telefono para ele e deixo mensagem. Depois do banho tomado de braço no ar, resolvo telefonar para a empresa para falar com a fera. Quando ela atende e eu lhe digo que vou chegar atrasado por ter que ir ao hospital, as únicas palavras que recebo são: “Tiago, não te disse já que tens que ter o meu número de telemóvel gravado e que tens que me ligar directamente a avisar? A que horas chegas aqui ao trabalho?” – Simpática, não?
Depois de me vestir a custo (experimentem vestir fato e gravata e apertar os atacadores com um saco de plástico na mão e com dores), desloco-me para o hospital de autocarro e metro, não deixando de reparar que, por qualquer motivo, eu era o centro das atenções. Is it a bird? Is it a plane? No, it’s Plastic Man!!
No hospital, para além de me porem vaselina na mão, voltam a por um saco de plástico novo. Deve ser a isto a que chamam de reciclagem!
Chego ao trabalho às 10:15 e desde aí até ao fim do dia, durante as pausas cronometradas, não fiz outra coisa senão contar a história de como me havia queimado. A cena habitual dos aleijadinhos.
Entretanto, na semana passada (que ainda a hei de escrever, prometo), tinha recebido uma chamada de um polícia, o Terry Simpson, a dizer que pretendia que eu voltasse à esquadra, para fazer o meu depoimento sobre o barrete que eu tinha enfiado com o quarto que eu paguei e que não existia. Que eu podia lá ir a qualquer dia desta semana a partir das 22:00h, que ele iria lá estar de serviço. E eu que já escrevera “O FIM” para esta saga, esqueci-me que a própria palavra “saga” implica sequelas e continuações...
Assim sendo, e depois de ir a casa por uma máquina cheia de lençóis a lavar porque as primas do meu anfitrião vão-me desalojar durante uns dias a partir deste domingo (ainda não escolhi a ponte debaixo da qual vou dormir nesses dias), lá fui eu para o meio da cidade para ir ter com o polícia.
Quando chego à esquadra, da qual já tenho cartão de cliente VIP, vou ter com a polícia de serviço que após alguns telefonemas para descobrir o Terry, chega à conclusão que ele é de outra esquadra, que não aquela. No meu tempo de espera, não conseguia tirar os olhos do folheto que estava à frente do meu nariz, com o título: “Quality of Service Commitment” – sem comentários!
Furibundo, vou para a outra esquadra, que já ficava na outra margem do rio Thames, portanto, ainda um bocado longe, aonde chego por volta das 23:30h.
O polícia, não sei se era por ter o nome Simpson, fez-me logo lembrar o Homer: gordo, careca e com ar abrutalhado.
Fui contando o caso e respondendo às perguntas do Homer, que ia escrevendo tudo à mão a uma velocidade inferior àquela que eu teria se tivesse a escrever com a mão dentro do saco de plástico!!!
Vi logo que aquilo ía ser demorado. E foi: saí de lá era uma e meia da manhã, hora a que o metro já não funciona. Toca de apanhar o táxi, que me veio a custar a módica quantia de £25 (37,50€!!!).
Chegado a casa, perto das duas da matina, havia que tirar os lençóis da máquina e pô-los no estendal, para que no dia seguinte, a empregada que contratei para por a casa impecável para as primas do Miguel, tivesse tudo pronto. Faltava ainda escrever as instruções para a empregada e deixar o dinheiro em cima da bancada. Por quatro horitas de trabalho foram só £32 (48,00€!!!!!!) e com tudo isto, deitei-me às 2:20h.Conclusão: Londres é fixe e muito barata

13 dezembro 2006

Day 24 – A actualização pode esperar

Hoje saí mais ou menos cedo do trabalho e logo pensei: quando chegar a casa vou-me preparar a mim próprio um jantarzito sopimpa e depois das minhas leituras obrigatórias que trago do escritório (dois capítulos diários do livro “Selling the Wheel”), vou aproveitar para finalmente por o blog em dia.
Quando entrei em casa, lembrei-me que, de manhã, tinha deixado uma máquina da roupa a lavar.
Abri a porta da máquina, que continha todo o tipo de roupa e de todas as cores e tive a primeira surpresa da noite: algumas peças de roupa originalmente brancas, estavam cor de rosa! Camisolas interiores, uma camisa e........ duas toalhas do meu anfitrião!!! Barraca!
Disse-me depois o Miguel que não havia problema, pois as toalhas haviam sido inadvertidamente trazidas de um qualquer hotel.
Depois comecei a preparar o jantarzito sopimpa que, na verdade, não era mais do que uma embalagem trazida do supermercado de “Five mushroom stroganoff with rice and caramelised onions”, que é só por no forno e fica pronto a comer.
Enquanto o pitéu aquecia, recebi uma chamada que muito me agradou e que me deixou com a cabeça um bocado na lua, mas mais pormenores não vou revelar...
Quando o strogonoff estava pronto e eu ainda algo aéreo, fui tirá-lo do forno, já a salivar com o cheirinho que emanava e eis que solto um berro de dor estridente: tinha-me esquecido da pêga da pega e por isso queimei-me violentamente na mão esquerda. Muito inteligente, sim senhor!
Telefonei imediatamente ao Doc a pedir conselhos e este disse-me para por a mão debaixo de água fria e depois ir ao hospital.
Enquanto refrescava a mão queimada, com a outra mão ía comendo o delicioso prato.
Como as dores não paravam de aumentar, decidi cumprir a segunda parte dos sábios conselhos do Doc e dirigi-me para o hospital.
Aqui chegado, tive que dar os meus dados à recepcionista, para depois esperar uma meia hora para ser atendido.
O correctivo aplicado foi uma data de creme por cima das queimaduras e um saco de plástico a cobrir a mão, para o creme não sujar a roupa. Tratamento hi-tech!
De modo que escrevo estas linhas apenas com o indicador direito e a outra mão enfiada num saco de plástico. Por este motivo, a actualização dos Day 13 ao Day 23, por ter muito para ser escrito, vai ter que esperar. Mas vou tentar recuperar rapidamente. A mão e o blog.

06 dezembro 2006

Intervalo

Devido a presenca dos amigos em Londres e da consequente falta de tempo, apenas na segunda feira, dia 11, sera feita a actualizacao do blog.

Voltem, pois ha muito a contar...

30 novembro 2006

Day 12 – Escravatura Branca

Celebram-se agora em Inglaterra, os 200 anos do fim oficial da escravatura neste pais.
O Primeiro Ministro Tony Blair fez um discurso, a proposito da ocasiao tao assinalavel, em que essencialmente condenava qualquer tipo de situacao de escravatura, passada ou presente, lamentava a ocorrencia oficial da mesma ate 1806, mas como bom ingles que e, em nenhum segundo pediu desculpa aos povos negros pelos anos a que foram sujeitos a todo o tipo de tratamento indigno de seres humanos.

Para que nao haja margem para duvidas, sou totalmente contra todo e qualquer tipo de escravatura.
Dito isto, sinto-me a vontade para dizer que nao concordo com aqueles que acham que se devem pedir desculpas em nome de uma nacao, por actos praticados seculos atras, contra racas, credos, sexos, etc, pois estariamos a entrar na pescadinha de rabo na boca, em que todos os paises teriam que pedir desculpas por algo. E quem seria o primeiro?

Mas este assunto veio-me a cabeca, nao para reflectir sobre as razoes e implicacoes da escravatura, mas sim, por eu me achar vitima de escravatura branca.

Ja vos falei que entro as 8:00, so tenho uma hora para almoco da qual metade passo a trabalhar, so tenho dois intervalos de 10 minutos, sendo que o da tarde foi conquistado ha 3 semanas atras pelos meus colegas, e nao tenho horas de saida. Para agravar ainda nos mandam trabalhos para casa, com umas leituras obrigatorias.
Sr. Blair, olhe que a escravatura ainda nao acabou, pa!

Day 11 – Saga da Policia: The End

Depois de um dia de trabalho extenuante, terminado as 19:30h, desloco-me a esquadra da policia pela quinta vez.

Quando chego, tenho que esperar que um negro algo efeminado, vulgo rabeta, acabe de fazer a sua participacao a policia. Como nao tinha nada para fazer e a acustica da sala era boa, mesmo para um surdo como eu, pus-me a ouvir a conversa do tipo, ja que a policia de servico estava claramente a conter o riso. Coitadito! Entao nao e que o rapaz tinha sido abusado e logo por uma mulher? Nao ha direito! Deus da nozes a quem nao tem dentes.

Chegou a minha vez e, fiz logo questao de mencionar que era a quinta vez que la ia e que de la nao sairia sem o relatorio ficar feito. A mulher, desta vez, foi paciente, foi fazendo as perguntas que tinham que ser feitas e foi tomando as suas notas muito profissionalmente. Os elementos que me iam sendo pedidos, ja os tinha todos numa pastinha, os quais foram todos fotocopiados.
Ficou, assim, finalmente, feita a queixa na policia. Nao que eu esteja a espera que consigam descobrir quem me burlou, mas foi uma maneira de por para tras das costas este triste episodio da minha estadia em Londres.

O curioso e que quando deixava a esquadra, dei por mim a pensar: “Olha! Afinal tambem eu fui abusado por uma gaja e nem sequer gozei!!!”

28 novembro 2006

Day 10 – Uma boa noticia

Parece que o S. Pedro nao gostou muito que eu tivesse referido a dita cuja dele, pois hoje de manha brindou-me com uns salpicos de chuva. Mas nada que me obrigasse a usar o umbrella. O meu blusao com capuz tem servido para as encomendas.

Tive hoje uma boa noticia: a concretizacao do que ja se desenhava ha alguns dias, mas que so agora se confirmou – a vinda a Londres de tres bons amigos, a Tecas, o Miguel e o Vilela, para passarem ca uma semanita.
Para que esta feliz ocasiao se tenha proporcionado, muito contribuiu, mais uma vez, o meu anfitriao ausente, o Miguel, pois autorizou a estadia deles na sua casa, fazendo-os poupar umas significativas Pounds. Como nunca e demais: obrigado Miguel!

A Tecas e a sua empresa de organizacao de eventos, a TPO, que quase rivaliza com a minha propria, a OTM (para quem nao sabe: Organizacoes Tiago Mariz), ja pos maos a obra para que a semana seja bem preenchida de idas aqui e acola, de certeza sempre pelos melhores precos, quica ate de borla.

Um programa que ja esta mais ou menos alinhavado, mas pela Margarida, e uma ida a um mercado daqueles tipicos de Londres, onde se compra de tudo e mais alguma coisa por bons precos, seguida de uma visita a Tate Modern. Consta que esta ultima e uma experiencia a nao perder de todo.

Outro programa, este agora tratado pelos boys, para o qual ja foram adquiridos os direitos de entrada, vulgo bilhetes, e uma ida a Stanford Bridge, para ir ver o Mourinho, perdao, o Chelsea-Levski de Sofia.
Para que tenham uma ideia do custo de vida desta cidade, os bilhetes custaram £45 cada, ou seja, cerca de 68,00€, PORRA!!!

Mas nao tenho duvidas que sera uma experiencia inesquecivel, estar num estadio ingles e sentir a emocao, a intensidade e a vibracao com que os supporters vivem um jogo de futebol. E nos vamos estar la! E nao me esquecerei de levar a bandeira de Portugal, assinada pelo pessoal amigo. Fiquem atentos a TV, pois pode ser que eu apareca a agita-la freneticamente (nada de segundos sentidos, por favor).

27 novembro 2006

Day 9 – Um dia banal

De que e que se fala, quando nao ha assunto para falar?
Como o tempo costuma ser o recurso comum nestas ocasioes, e dele que vou falar.
Constou-me que o tempo aqui em Londres era sempre a chover, ou com o ceu cinzento.
Posso-vos dizer, que desde que cheguei, apenas por uma vez andei munido de guarda-chuva e mesmo assim nao tive necessidade de o usar. So num ou dois dias e que apanhei para ai umas 7 gotas e meia de chuva, que devia ser o S. Pedro a sacudi-la.
Ate o sol tem aparecido de vez em quando, para afastar os tons cizentos que caracterizam a cidade.

Agora mais curioso ainda, e que a temperatura tem subido do dia para a noite, encontrando-me eu, as horas a que escrevo estas linhas (21:40), de camisa e blusao.

Constou-me que ai por terras lusas, tem caido o Carmo e a Trindade, com chuvadas, cheias e inundacoes. Sera que houve uma mudanca cosmica qualquer, que trocou os climas dos dois paises? Nao querendo parecer egoista, confesso que nao me importaria nada com isso, agora que vou fazer daqui a minha home.

De resto, o dia foi tao banal, que nao ha mais nada a contar. Certamente, muitos outros dias banais ocorrerao, mas vou tentar trazer sempre um qualquer assunto a baila.

26 novembro 2006

Day 8 – Almoco de boas vindas

O telefone de casa toca, o que me faz acordar sobressaltado.
Era a Margarida, amiga do Miguel, que simpaticamente se disponibilizou para almocar comigo, para eu ficar a conhecer mais alguem aqui no estrangeiro.
Levou-me a um sitio giro, que tem uma mistura estranha de restaurante tailandes e um pub ingles.

Sentamo-nos a mesa, e a empregada disse-nos que as bebidas tinhamos que as ir buscar ao pub, pelo que eu me levanto para as ir buscar e pagar, quando me apercebo que me tinha esquecido da carteira em casa. Bonito! Que bela impressao com que a Margarida vai ficar de mim!

Tirando esta minha gaffe, a comida estava boa, a conversa fluiu e a companhia foi deveras agradavel, durante as mais de tres horas que la estivemos.

Obrigado Margarida.

Day 7 – Historia a Tiago

Acordo ressacado e vou as compras para casa. Vou para o Galeao para ver o Portugal-Georgia em Rugby e depois vou para um Cyber Space para escrever os meus posts.
Os Cyber Spaces aqui em Londres parecem cogumelos, ha-os em toda a parte e estao sempre cheios, deve ser uma mina, esta sempre a pingar!

Volto para o Galeao para ver o Benfica a ganhar ao Maritimo e deixo-me por ali a beber umas belas Super Bock.
Perto das 10h, e ja bem aceso, decido levar a minha carcaca para o centro de Londres para ver as vistas.
A rabula e a mesma, vou percorrendo as capelinhas e metendo conversa aqui e ali.
Conheco umas miudas giras, que dao alguma bola, mas nao aquela que eu queria...

Perto das 3h e ja bastante grosso, ponho-me a caminho de casa. Aqui chegado, no momento em que abro a porta do predio, ha um gajo que entra comigo.
Eu digo-lhe que ele nao pode entrar, ao que ele me responde que esta numa festa no res do chao. “Se me levares para a festa, eu deixo-te entrar no predio”, disse-lhe eu. E la fui eu para a festa do meu vizinho, que tinha a casa completamente de pantanas, com garrafas, latas, cigarros, etc., tudo espalhado pelos cantos da casa, e os convivas, ainda mais grossos do que eu, arrastavam-se por ali.

Como ja nao havia cerveja, fui buscar algumas a casa, o que gerou logo uma onda de simpatia para comigo, que se prolongou ate as 5:30 da manha.
Aqui sim, diverti-me bastante, mas claro que nao me ofereci para ajudar a limpar a casa no dia seguinte.

Day 6 – A primeira saida a noite

Fiz o meu intervalo para fumar as 16:13. A Boss veio logo avisar que o intervalo so pode ser das 16 as 16:10! Ate parece Portugal.
Fiquei a saber que os nao fumadores nao tem direito a intervalo. Como diria o Asterix: estes bifes sao loucos!”
Tenho colegas que comecaram a fumar so para terem intervalo.

As sextas feiras o trabalho acaba as 17:00 e fomos todos para o Pub beber uma jola.
A seguir, fui logo tentar apanhar o metro para casa, mas como toda a gente deve sair a mesma hora, so consegui entrar para o sexto metro que passou.
Dentro do metro passa-se algo curioso: junto as portas parece que estao todos como sardinhas em lata; no espaco entre as portas, o pessoal vai a vontade, a ler jornais, e o pessoal ca fora a tentar entrar para as carruagens.

Chego a casa e comeco a fazer uns telefonemas para ver se arranjo companhia para a night. Ninguem esta disponivel, por isso faco-me a vida sozinho, logo as 6 da tarde.
Consigo beber o meu primeiro cafe decente, num restaurante italiano, claro.
Vou saltando umas capelinhas e em cada uma delas vou bebendo uma half a pint.
Vou metendo conversa com esta ou com aquele, mas so os ebrios se mostram amigaveis, va se la saber porque.

Por volta das 11h, ja com algum fogo no rabo, dou por mim na zona de Liverpool Street.
A esta hora os Pubs fecham, tem que se passar para os bares, onde me ponho a dancar no meio dumas badalhocas bebedas.
A uma da manha, hora de fecho de alguns bares, e apos mais umas quantas pints, o badalhoco bebedo sou eu.

E agora como e que vou para casa se nem faco ideia onde estou? O metro ja nao ha. Os autocarros nao domino. O taxi ia custar-me 30 Libras. So me resta uma solucao: vou a pe!
Depois de andar uns bons quilometros, aumentados pelos esses da minha trajectoria, chego por fim a um ponto central onde peco ajuda para apanhar o bus certo. Ha dois gajos que dizem que vao para a mesma zona que eu e que me indicarao onde eu devo sair.
Como estava com o grao na asa, adormeci no autocarro, mas os tipos acordam-me a tempo.

Com as voltas todas que dei, cheguei a casa quase as 4 da matina! E sozinho, porra!!!

Day 5 – Tudo ao contrario

Agora que ja comeco a dominar os transportes para o trabalho, a coisa ja se faz mais facilmente. O problema ainda e atravessar as ruas. Olho primeiro para que lado mesmo? E isso e as portas a dizerem Push. Estes gajos e tudo ao contrario!

Na minha pausa da manha, apos fumar o meu segundo cigarro consecutivo, dou por mim a pensar que quando ja estiver em velocidade de cruzeiro no trabalho, que vou gostar de o fazer.
Fiquei entretanto a saber que todas as sextas ao fim da tarde, vou ter reuniao de empresa no Pub da esquina. E eu que nao gosto nada destas coisas...

Tambem o Jantar de Natal ja esta marcado para dia 15 de Dezembro, num hotel em Brighton!
Vou-lhes mostrar como se bebem as pints de penalty!

Fui almocar meia hora mais tarde do que o meio dia e cheguei eram 13:07. Imediatamente, telefona-me a Boss a dizer que eu tinha que ter almocado entre as 12 e as 13. Fuck you, pensei logo, mas acabei por dizer: “I’m really sorry, Boss, let me kiss your ass”.

A noite voltei a esquadra e quando parecia que a coisa ia avancar finalmente, eis que o cop me diz que falta a porra do codigo postal da rua onde a ladra levantou o dinheiro, portanto, ainda vou ter que la voltar, vamos a ver quantas mais vezes.
E ainda dizem mal da nossa policia.

Foi aqui que decidi comecar a escrever as minhas desventuras em Londres.

Day 4 – A Deusa

O meu amigo Miguel, que esta com o pe partido, vai para Lisboa, talvez so voltando no ano novo. Fiquei so, portanto, em casa de alguem que mal me conhece. Obrigado pela confianca, Miguel.

Tudo comecou quando em Outubro ele, no aviao que me trouxe a Londres para a entrevista, me emprestou o jornal para eu ler. Quando lhe devolvi o jornal no final da viagem, trocamos umas palavras e logo descobrimos que os nossos irmaos foram vizinhos e amigos em Angola. Este mundo e pequeno mesmo!

Depois de mais um dia duro de aprendizagem, fui para o Galeao ver o Sporting a jogar com o Inter, juntamente com os habitues da tasca, os quais ja os cumprimento a todos como se os conhecesse ha anos, incluindo a D. Manuela que ja me convidou para ir comer umas iscas a casa dela.

A Ana, dona do Galeao juntamente com o Toni, mostrou-me umas fotos da filha canhao dela, modelo de profissao, que me deixaram de queixo caido e com alguma baba a querer escapar do canto da boca. Definitivamente vou ter que voltar ao Galeao muitas vezes, para ver se conheco aquela deusa.

Day 3 – Saga da Policia III

Problemas no metro. Chego 12 minutos depois das 8:00. A chefe diz-me logo que tenho que telefonar a avisar que estou atrasado. Aqui nao se brinca!

Na hora de almoco, apos telefonar para a empresa da ladra onde ninguem ouviu falar no nome dela, Melisa Stevensen, vou pela terceira vez a esquadra e desta vez dizem-me que tenho que saber se o dinheiro foi ou nao levantado, porque se tiver sido e um problema da policia portuguesa!!! Ah grande British Police! Estou a comecar a dar em doido.

Como e dia de Champions League, vou ao Galeao ver o Benfica espetar tres aos coxos dos dinamarqueses.

Day 2 – Trabalho Novo

Para ir para o trabalho, tenho que apanhar um autocarro, depois meter-me no tube e ainda ter que andar uns 10 minutos.
Sou recebido pela chefe, que e uma indiana podre........ de gira e de boa. Que azar: e ela que me vai dar umas licoes, perdao, a formacao.
Sou apresentado a todo o pessoal. Miudas giras so praticamente a chefe, portanto nao vai ser aqui que me vou safar.

Fico logo a saber as regras da casa:
- Horario das 8:00 as 18:00(???)
- 2 intervalos de 10 minutos cada para fumar: um as 10:15 e o outro as 16:00.

O trabalho e sempre a abrir, nao ha tempo para descansos.
Almoco: uma sandes manhosa e uma coca-cola. O preco nao digo, que aqui e tudo exorbitante, vou ter que comecar a trazer umas sandes de casa!

No fim da jornada volto a esquadra da policia: agora dizem-me que tenho que telefonar para o suposto emprego da gaja. Sera que ela/ele alguma vez trabalhou la? Eu aposto que nao.

25 novembro 2006

Day 1 – A banhada

Apos uma noite bem dormida na cama insuflavel, eu e o Miguel, fomos a morada da casa cujas chaves ainda nao tinham chegado. Procuramos e procuramos, andamos de um lado para o outro, perguntamos as pessoas da zona e, surpresa das surpresas, nada! Nao existia nenhum numero 75 da St. James’s Street. Grande banhada!!!
Nao posso dizer que nao estava ja a espera, mas a desilusao foi grande, pois ainda tinha a esperanca de ter havido um atraso na entrega das chaves.

Percebi entao que tinha sido um grande otario e por isso dirigi-me a esquadra da policia. O tipo que me recebeu, muito simpatico, informou-me que o sistema informatico estava em manutencao, pelo que eu teria que voltar noutro dia.

Isto e que foi entrar com o pe errado.

Decidimos ir almocar a uma tasca portuguesa, com certeza, onde comi o meu primeiro English Breakfast, que tem feijao, salsicha, bacon, ovo estrelado, cogumelos, tomate cozido e tostas com manteiga. Not bad at all!

Depois fomos passear um pouco em Oxford Street, em que pareciamos um casalinho de namorados! Eu explico: o Miguel esta de muletas, pelo que eu passei o dia a abrir-lhe as portas, a puxar-lhe as cadeiras, a acender-lhe os cigarros, etc. So nao o pus a mijar, claro esta!

Fomos entao para casa ver jogos de futebol ingles e eu comecei a fazer os preparativos para o meu primeiro dia de trabalho.

Day 0 – Chegada

Acordo as 2 da tarde com uma ressaca brutal, sem perceber porque! A Maezinha ja estava preocupada a pensar que eu ia perder o aviao.

Almoco com os meus Pais a minha ultima refeicao portuguesa, apos a qual me levam ao aeroporto.

Ali chegado, despeco-me dos meus Pais. A minha Mae nao conseguiu conter umas lagrimazitas, o que tambem me emocionou.

Entretanto, recebo uma chamada do meu amigo de Londres, o Miguel, que havia conhecido aquando da minha ida a entrevista aquela cidade. Ele diz-me que as chaves da casa que eu tinha alugado e pago pela internet, que era suposto serem enviadas para casa dele, nao tinham chegado a hora combinada. Estranhei, mas pensei tratar-se de um simples atraso no servico de entrega.

No Free Shop compro dois pacotes de cigarros, pois este vicio sai muito caro em Londres, e dois adaptadores de corrente electrica: um para o despertador e outro para o carregador de telemovel.

Quando chego a Londres, fui deixar as malas em casa do Miguel em Notting Hill, pois as chaves da minha casa teimavam em nao aparecer. Comeca a cheirar mal...

Depois, sigo directo para a tasca Galeao, onde os Tugas se reunem para ver a bola.

Como um belo franguinho assado acompanhado dumas Super Bock evejo o meu Benfica perder com o Braga, para meu grande desgosto. O dia esta mesmo a correr mal!

O Miguel, muito simpaticamente, convida-me para dormir em casa dele, numa cama insuflavel super confortavel, colocada de improviso no meio da sala.

23 novembro 2006

Day -1 Despedida

09:30 - Acordo em sobressalto a pensar que e o ultimo dia em Lisboa e ainda tanta coisa por fazer. Nao vou conseguir de certeza!

Comeco por tentar terminar finalmente as arrumacoes dos imensos caixotes trazidos da casa de Carnaxide, que me tem dado cabo da cabeca nas ultimas semanas, mas sobretudo da cabeca da minha Mae, por pensar que eu ia deixar-lhe a casa de pantanas antes de me ir embora.

15:30 – Terminei!!! Agora ja so falta ir a empresa, acabar de organizar a jantarada de logo a noite e......... fazer a mala para um mes.

17:00 – Chego a casa e ponho-me logo a fazer telefonemas e a enviar emails, para aqueles que ainda nao confirmaram a ida ao jantar.

18:00 – Comeco a fazer a malita que tenho que deixa-la pronta ate as 21:00, pois amanha a ressaca nao me vai permitir ter cabeca para isto.

21:00 – O stress esta ao rubro. A mala esta pronta e a abarrotar pelas costuras. Agora e tempo de me por girinice para a Farewell Party.

21:15 – A minha boleia ja chegou. Vamos a eles, carago!

21:30 – Chego aos Meninos do Rio. A malta comeca a chegar e eu logo a cravar 20 paus, antes sequer de os cumprimentar. O stress esta no maximo.

O jantar vai decorrendo em ritmo de bolinha de neve, com as canecas e a sangria a jorrarem em catadupa. Neste momento ja estou mais relaxado. A coisa promete...

Sao-me oferecidas umas lembrancas que muito me emocionaram (snif, snif): uma bandeira de Portugal, uma camisola da Seleccao, ambas cheias de dedicatorias, e um album de fotos de muitos bons momentos passados entre amigos.

Seguimos para o BBC, com a visao ja muito turva, situacao que piora com a rodada de shots que me custou os olhos da cara.

Depois, do pouco que me lembro, foi muita euforia, muitos beijinhos, muitos abracos, muitos desejos de felicitacoes e muitas despedidas.

Gostei muito desta noite, de estar com os amigos numa ocasiao tao especial para mim. Obrigado a todos.